Criada na Prússia, inspirada em uma bala de canhão, a bola de Berlim ou o sonho de padaria, como é conhecido por aqui, é um sucesso da confeitaria mundial desde o século XVIII e há várias décadas no Brasil – mais precisamente desde o início do século XX, quando começou a ser feito em São Paulo.
Com adaptação em terras brasileiras, o doce, facilmente encontrado em padarias, tem formatos, recheios e sabores que conquistaram o paladar dos consumidores. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), Paulo Menegueli, o sonho é um produto muito tradicional nas padarias brasileiras.
“Hoje em dia é difícil encontrar alguma loja sem esse doce fofinho. Ele faz parte do nosso universo e é muito tradicional nas padarias brasileiras”, diz ele.
Sobre esse mercado, Paulo Menegueli explica que o sonho não é um produto que se vende em grande volume. “Não é a estrela da padaria – esse lugar é do pão francês – no entanto, há clientes fiéis para consumi-lo”, afirma.
Apesar de não ser a estrela da padaria, o sonho é um produto importante para o segmento, como menciona o presidente da Abip. “É um tipo de doce que leva no nome a sensação da perfeição e gostosura que ele realmente é”, destaca.
Segundo Paulo Menegueli, “as padarias estão cada vez mais criativas, aprimorando suas técnicas e aperfeiçoando suas receitas”, ressalta.
Grande ou mini é um sucesso
O que não falta são padarias para fabricar e comercializar sonhos. A Bella Paulista é uma delas. Localizado na famosa rua Haddock Lobo, no bairro Cerqueira César, na cidade de São Paulo, com 19 anos de existência, o estabelecimento se propõe a surpreender o paladar de sua clientela com produtos de fabricação própria. Com o sonho, não é diferente.
“Irresistível que só, esse bolinho fofinho é unanimidade. Difícil quem não goste. Os nossos são feitos conforme vão sendo vendidos ao longo do dia, assim é certeza de que sempre estarão fresquinhos à espera de uma generosa camada de recheio, sendo o de baunilha o mais vendido. Já o com doce de leite não fica atrás, sendo hors-concours e certeza de que agradará de bate-pronto. Eles são vendidos como doces individuais, mas também na versão mini – estes últimos ideais para serem servidos em confraternizações”, diz Émerson dos Santos, gerente da Bella Paulista. “Difícil encontrar quem não goste de um sonho de padaria e é válido colocá-lo em lugares onde é grande o fluxo de clientes”, afirma o gerente.
De acordo com Émerson dos Santos, “toda padaria que se preze sempre tem bons sonhos à disposição de seus clientes. Para fazer sucesso, além de servir bons produtos, é preciso apostar na diversidade de doces e salgados”, afirma.
De creme, doce de leite, Nutella…
A Padaria Brasileira, tradicional rede de padarias da região do ABC Paulista, atuante desde 1953 e contando atualmente com cinco lojas e quatro unidades fraqueadas chamadas de Brasileira Express, vende três sabores de sonhos: creme, doce de leite e Nutella.
Antonio Henrique Afonso Junior, diretor da Padaria Brasileira, conta que os sonhos são preparados durante o dia todo, o que os deixa sempre fresquinhos e quentinhos para atender os clientes da rede.
O diretor afirma que o sonho se destaca nas vendas da rede, “tanto que nos últimos nove anos, sempre no mês de outubro, a nossa padaria realiza a Campanha Alimente esse Sonho, onde um percentual da venda é revertido em prol da Apae de Santo André”, conta ele.
A rede, de acordo com o diretor, conquistou com a sua experiência de muitos anos no mercado um know-how de fabricação, tamanho ideal, qualidade e sabor, fazendo-a atingir uma excelente produtividade, o que torna o item bastante rentável. Além do atendimento presencial, a rede também atende pelo canal online de venda própria e pelo iFood.
Festival de sonhos lucrativos
O panificador Ricardo Pinto, empreendedor da Ledut – Casa de Pães, situada em Vitória, capital do Espírito Santo, afirma que em sua padaria há até um festival de sonhos.
“Esse tipo de ação visa motivar o consumo e atrair a atenção daqueles que já são fãs e também de quem ainda não consome o produto com frequência. Além do tamanho original, o criamos em versão menor – minissonho – o que facilita a degustação de vários sabores. Há clientes fiéis que amam essa iguaria”, destaca Ricardo Pinto.
De acordo com o panificador da Ledut, o sonho “tem o seu lugar conquistado dentro das padarias, por mérito”, destaca.
Boas vendas
O sonho do food service A Padaria Saint Germain nasceu em Curitiba. Um dos produtos de sucesso de lá é o sonho. “É tão apreciado, que o sonho é muito bem aceito por todas as idades. Todos adoram de verdade. A nossa receita não foge muito da origem tradicional de preparo. É uma massa doce que fritamos todos os dias. Depois que essa massa é frita, e depois que esfria, nós recheamos com sabores diferentes. Tem o mais clássico que é o com creme pâtisserie, sendo ele o principal e o que mais sai, como temos também o de goiabada, banana, chantilly… Oferecemos uma diversidade de recheios. Para completar a gostosura, passamos açúcar e canela na massa. Quando o cliente come, faz aquele bigode de açúcar. Esse é o tradicional jeito de comer sonho: tem que fazer o bigode de açúcar”, diz Wagner Ferreira, sócio-proprietário da Saint Germain. “Ademais, costumo dizer que padaria tem de ter sonho e, modéstia parte, o nosso é muito bom”, afirma ele. A Padaria Saint Germain está localizada no Itaim Bibi, bairro de São Paulo.
O sonho reinventado e atualizado
Sobre o perfil do cliente que consome sonhos, o presidente da Abip, Paulo Menegueli, afirma que não é específico. “Vai desde o mais novo até aquele com mais idade”, destaca ele.
Acerca dos sabores e recheios, o presidente da Abip conta que, hoje, já tem no mercado sonho com recheio de goiabada, doce de leite, brigadeiro, chocolate branco, frutas vermelhas, canela, geleia e até versões salgadas.
“Assim como aconteceu com outros produtos e setores, as padarias brasileiras estão em constante atualização de técnicas, invenção e adaptação de receitas. Por isso, os produtos estão cada vez mais inovadores e atraindo a atenção de vários paladares e sem restrição de idade” finaliza.
Texto: Food Service News, Bernard Hermógenes Lopes